CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO TEA (TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA)
Nos últimos anos tem crescido o número de casos diagnosticados de Autismo. Os déficits causados por esse transtorno atingem várias áreas cognitivas e sua variabilidade, frequência, gravidade e qualidade trazem desafios para o fechamento de seu diagnóstico, sendo necessário uma equipe interdisciplinar e muito tempo de observação clínica. Compreender e avaliar um espectro tão amplo requer desafios ao Neuropsicólogo, habilidade e prática clínica.
Portanto, a Avaliação Neuropsicológica é um instrumento auxiliar no diagnóstico e no planejamento terapêutico, que deverá ser feito mediante as potencialidades e dificuldades da criança identificadas no laudo. Quanto mais cedo o diagnóstico, mais ganhos no tratamento. Cada paciente é único e em casos mais Leves, as crianças podem não apresentar todos os critérios abaixo. Mesmo sendo classificado como “Leve” deve ser tratado como TEA e haverá prejuízos funcionais. Portanto, é necessário um olhar cuidadoso.
Mas quais critérios auxiliam no diagnóstico? Devemos observar, como segue abaixo:
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Transtorno do Espectro Autista – Critérios Diagnósticos 299.00 (F84.0):
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- Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto):
- Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais.
- Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal.
- Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares.
Especificar a gravidade atual:
A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões de comportamento restritos e repetitivos (ver Tabela 2).
- Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto):
- Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases idiossincráticas).
- Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente).
- Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos).
- Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento).
Especificar a gravidade atual:
A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e em padrões restritos ou repetitivos de comportamento (ver Tabela 2).
- Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida).
- Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente.
- Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento.
Nota: Indivíduos com um diagnóstico do DSM-IV bem estabelecido de transtorno autista, transtorno de Asperger ou transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação devem receber o diagnóstico de transtorno do espectro autista. Indivíduos com déficits acentuados na comunicação social, cujos sintomas, porém, não atendam, de outra forma, critérios de transtorno do espectro autista, devem ser avaliados em relação a transtorno da comunicação social (pragmática).
Especificar se:
Com ou sem comprometimento intelectual concomitante
Com ou sem comprometimento da linguagem concomitante
Associado a alguma condição médica ou genética conhecida ou a fator ambiental
(Nota para codificação: Usar código adicional para identificar a condição médica ou genética associada.)
Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental
(Nota para codificação: Usar código[s] adicional[is] para identificar o[s] transtorno[s] do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental associado[s].)
Com catatonia (consultar os critérios para definição de catatonia associados a outro transtorno mental, p. 119-120) (Nota para codificação: usar o código adicional 293.89 [F06.1] de catatonia associada a transtorno do espectro autista para indicar a presença de catatonia comórbida.)
Quadro 1. Descrição dos critérios diagnósticos para o TEA. Fonte: DSM-5: 50,51
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O critério A é específico do Autismo sendo o B encontrado em outros transtornos como o TDAH. Também é utilizado outra referência para o diagnóstico de Autismo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) publica (hoje na sua décima edição) a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados a Saúde, o qual é resumidamente conhecido por CID-10 (Classificação Internacional de Doenças). Com isso encontramos para cada caso uma categoria a qual corresponde um código. São considerados os sintomas, queixas, causas, aspectos e circunstâncias para que se possa utilizar a codificação.
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F80 — 89 Transtornos do desenvolvimento psicológico
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F84 Transtornos invasivos do desenvolvimento
F84.0 Autismo infantil
F84.1 Autismo atípico
F84.2 Síndrome de Rett
F84.3 Outro transtorno desintegrativo da infância
F84.4 Transtorno de hiperatividade associado a retardo mental e movimentos estereotipados
F84.5 Síndrome de Asperger
F84.8 Outros transtornos invasivos do desenvolvimento
F84.9 Transtorno invasivo do desenvolvimento, não especificado
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Quadro 2 – Critérios classificatórios do Autismo. Fonte: CID-10:227
É importante destacar que o profissional que utilizar os critérios diagnósticos da CID-10 deve considerar que os sintomas devem ter tido inicio na infância (antes dos 36 meses de idade) , com sintomas estáveis e com comprometimento em funções da maturação biológica do SNC (Sistema Nervoso Central). Tais funções são relacionadas as Habilidades Visuoespaciais, Linguagem assim como também Coordenação Motora. Também deve-se analisar as Habilidades Sociais, se há um comportamento restrito e repetitivo. Alguns comprometimentos podem diminuir ao longo do desenvolvimento da crianças porém, há possibilidade de déficits leves seguirem até a vida adulta. Esses sintomas podem ser percebidos como algum atraso no Desenvolvimento que causa prejuízos funcionais no sujeito mas não identificados como Autismo.
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